segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Artimanhas do futebol moderno



Na semana passada, o jogador William, do Corinthians, fez declarações que causaram grande repercussão na mídia a respeito da famosa mala branca. “Feio é pegar dinheiro para perder. Incentivo para fazer o melhor dentro de campo não é feio.”, afirmou o zagueiro durante uma entrevista coletiva. O tema surgiu devido à proximidade do fim do Brasileirão 2010, em que o time paulista briga pelo título contra o Fluminense. Mas, afinal, será que esse auxílio pago por um clube para estimular uma outra equipe a vencer concorrentes diretos na briga pelo título ou contra o rebaixamento, é antiético?

Para muito críticos do universo esportivo, esse tipo de ‘ajuda’ vai contra todas as regras que pregam que o futebol deve ser um esporte limpo que proponha a competição saudável. Além disso, o clube que aceita esse dinheiro provavelmente ficará mal visto e estigmatizado pelos demais.

No entanto, concordo plenamente com o jogador William. A mala branca nada mais é que uma recompensa extra pela vitória. Oferece quem quer, aceita quem quer. Obviamente, por ser um tema que mexe com a questão de valores, a grande mídia se aproveita de qualquer suspeita de oferecimento de dinheiro e transforma essa desconfiança em pauta para os jornais da semana inteira. O que acho bem questionável, visto que todo fim de campeonato é normal a prática da mala branca. Acredito até mesmo que ela já faz parte do futebol e dá um tempero a mais para a reta final das competições.

Por outro lado, não entendo porque tanto rebuliço em volta desse tema e tanto receio em divulgar os casos de mala preta. Ao contrário da mala branca, esta consiste em um clube oferecer a outro um incentivo para que ele perca, propositalmente, determinada partida. O dinheiro, em muitos casos, chega a ser oferecido para os árbitros, a fim de que eles influenciem no resultado final do jogo.

Agora me pergunto: onde está a falta de ética? Pelo que sei e acredito, uma coisa é você ser gratificado por um bom trabalho outra muito diferente é você aceitar um dinheiro sujo para fazer um trabalho também sujo. Bons eram os tempos em que o futebol nada mais era que um eterno ‘fair-play’, no qual todos jogavam pelo amor ao esporte e reconheciam nas derrotas uma forma de melhorar cada vez mais. Não que os jogadores de antigamente se comportassem melhor. Eles simplesmente pensavam melhor.

A única conclusão que posso tirar desse assunto é que o que antes era uma festa do esporte hoje nada mais é que um comércio com acordos lícitos e ilícitos. Quem perde com isso? Quase ninguém, só os torcedores.



Por Aline de Sá

Um comentário:

  1. Pessoalmente, concordo com William. Claro, tem todo o lado da ética dos jogadores, dirigentes de clubes etc, mas mala branca, como o próprio nome já diz, não é algo tão "chato" como mala preta. E cada clube faz o que quer com as ajudas que lhe são oferecidas.
    Gostei muito do texto da Aline, creio que ela conseguiu situar muitos leitores não familiarizados com o termo "mala branca" e também passou muito bem do Jornalismo Informativo pro Opinativo, deixando clara sua posição sem achismos exagerados.

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