terça-feira, 16 de novembro de 2010

Por que ainda casamos?


Li há alguns dias que o admirável Wagner Moura declarou à revista Rolling Stone que o casamento é uma instituição moderníssima, pois nada mais obriga duas pessoas a estarem juntas, nos dias de hoje, a não ser o amor. Isso me intrigou, então, comecei a refletir sobre o assunto.

Vale lembrar que sou casada há três anos, de forma que, assim como Wagner, observo o casamento pelo lado de dentro – e de fora também, pois não deixo de reparar nas uniões alheias. Então, já que o ator usou a palavra “moderníssima”, comecei a refletir sobre a evolução do casamento ao longo do tempo (de frente para trás).

Minha mãe se casou nos anos 80. Ela foi educada para escolher um homem honesto e trabalhador e, como esposa, ela deveria cuidar do lar, do marido e dos filhos. A felicidade seria ter casa, comida e saúde. Já minha avó se casou nos anos 30. Esta foi educada simplesmente para o casamento, houvesse o que houvesse. Tanto que, viúva aos 15 anos, restou a ela casar-se novamente, ou sequer teria garantido o próprio sustento. Minha bisavó eu não sei, mas pelas histórias que já li e assisti, imagino que tenha sido o tipo que conheceu o noivo no altar. Quanto à tataravó paterna, já ouvi os parentes contar que, como índia, ela foi laçada (no sentido literal) pelo marido.

E eu? Bem, eu me casei nos anos 2000. Fui educada para estudar e trabalhar e tenho cumprido essas obrigações. Já são 20 anos de escolaridade e oito de carteira assinada. Mas, voltando ao casamento, sem ser educada para ele, sem enxoval e mesmo sem a intenção de me casar antes dos 30, eu me casei aos 23 anos. E por quê?

Por causa do meu então namorado. Não, meu objetivo aqui não é fazer uma declaração de amor ao meu marido, mas se preciso ser bem sincera, tenho que admitir: eu resolvi me casar por causa dele. Por sermos felizes no namoro, por ele ser uma excelente companhia, porque nossos sonhos se harmonizavam, porque nossa ideologia de vida dialogava, porque eu me sentia feliz ao lado dele, enfim, porque eu constatei que tinha encontrado o tão famoso verdadeiro amor.

Voltando à declaração do Wagner Moura, só o amor pode obrigar duas pessoas a estarem juntas nos dias de hoje. E eu concordo plenamente. Afinal, e eu vou falar do ponto de vista feminino, não precisamos de marido para prover sustento: para isso temos profissão. Não precisamos de marido para ter segurança: para isso temos alarme e cerca elétrica. Não precisamos de marido para termos filhos: para isso temos banco de sêmen. E para outras coisas também se dá um jeito. Mesmo assim, foram 935.116 matrimônios em 2009, contando só os oficializados.

Na verdade, não se precisa de marido. Nem de mulher. Precisa-se do amor, e dificilmente alguém nega isso. E um casamento em que é não se perde a própria essência e ainda se tem um cúmplice para a experiência da vida, só pode ser uma instituição moderna, muito além das tradições e moralismos.

5 comentários:

  1. Diélen, concordo plenamente como você e com Wagner Moura. Nos dias atuais o que mantém um casamento é o amor, talvez por essa razão o número de divórcios seja tão elevado, pois as pessoas não sabem o verdadeiro sentido desse sentimento. Para muitos, o casamento será uma eterna lua de mel, mas ao se casarem descobre que para manter a chama do casamento é necessário muito amor e "diga-se de passagem" muita paciência,também.

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  2. Achei muito engraçada o trecho "ela foi laçada (no sentido literal) pelo marido".

    Concordo integralmente com você e com Wagner Moura, o casamento é uma instituição moderníssima. E concordo com a Cíntia que é necessário muita paciência.

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  3. Na bíblia está escrito:"venerado entre todos seja o matrimônio" (Hb 13:04). Mesmo para aqueles que fogem da religião o casamento tem seu valor. Impossível dizer que para os apaixonados a representação de união não vale nada.

    Por que as pessoas se casam?? Por vários motivos, e o amor é um deles. Sentimento antigo, mas moderníssimo e que faz muito bem.

    Na edição do dia 25 de Agosto de 2010 a Revista Veja aborda sobre os benefícios do casamento, leiam: http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx

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  4. Concordo com você Diélen! Acho que instituição do casamento se reinventou ao longo do tempo, mesmo que ela ainda pressuponha duas pessoas unidas. A união já não está mais associada necessariamente ao tempo e espaço, quem dirá as intervenções repressoras dos pais. A união ganhou um significado mais particular de cada casal, de cada circunstância.
    Casamento sempre será um tema que gera polêmica e discussões entre os que já passaram pela experiência, pelos que não estão mais inseridos no time dos casados e pelos que ainda sonham em colocar uma aliança no dedo esquerdo. Ouvi uma piada domingo passado que dizia que o casamento é uma espécie de piscina gelada: sempre tem um corajoso que pula primeiro e fica incentivando, dizendo que a água está quentinha. Talvez os que pulam na piscina realmente sejam corajosos, mas não no sentido da piada, e sim na vontade de ir contra todos os pessimistas que consideram o casamento um erro.

    Ainda não me casei, contudo conservo o sonho que provavelmente veio passado de minha mãe: casar, na igreja, véu e grinalda.Sonho em construir família bonita, como a que minha mãe e meu pai construíram. E o “viveram felizes para sempre”? Acredito sim, mas se o “pra sempre” acabar em algum momento, sempre pode haver um recomeço!

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  5. OI DIÉLEN, AQUI É A MARCELA GODOI, LEMBRA DE MIM??? VC ESTA LINDA COMO SEMPRE. ME BATEU UMA SAUDADE DE VC E CONSEGUI TE ACHAR AQUI. O TEL QUE TENHO SEU JA NAO É MAIS. MEU EMAIL É marcela.bortone@yahoo.com.br. bjus e saudades

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