quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Comunicação ou Jornalismo?

          Ao ingressar na universidade, todos nós ficamos um pouco inseguros com o curso, principalmente ao perceber que o Jornalismo da UFU está, junto com a Pedagogia, dentro da Faculdade de Educação - o que não ocorreu por acaso.
          São poucas certezas e tantas reclamações! Descobrimos que o curso não seria integral, mas sim, à tarde. O diploma caiu... Depois veio a notícia da DIRCO: apesar da garantia do espaço para aprovação do curso, a gestão mudou, aí é outra história! Com relação ao estágio, soubemos da lei que nos proíbe de fazer um estágio sem limite de quatro horas, sem supervisão e tudo mais. Como se não bastasse, tivemos que cursar aquelas disciplinas em que nos perguntamos: Qual a relação disso com o Jornalismo? Que língua é essa, alemão?
          O fato é que, com algumas desistências e semi-desistências, o curso de Jornalismo da UFU prossegue, e antes ele não contava com Laboratório de Redação Jornalística, Agência de Notícias e bolsas de pesquisa, desde o início do curso, dando de sobra (para quem quer, é lógico)!
          Por outro lado, o curso causa um grande furor devido à sua fama de que é voltado exclusivamente para a área acadêmica e de que não insere o jornalista no mercado de trabalho. Fama esta, comum a qualquer curso em qualquer universidade pública, o que é normal em um país onde se paga altíssimo em impostos e pouquíssimo por professores. Um aluno de uma universidade federal não custa o mesmo que um aluno de uma particular e nem todo mundo que faz Jornalismo vai ser jornalista.
          Mas não se trata do nosso curso em específico e sim de todos os cursos de Jornalismo do país, sejam eles de escolas públicas ou privadas. A Comissão de Especialistas, instituída pelo Ministério da Educação para discutir o ensino de Jornalismo, resolveu ouvir preliminarmente a sociedade por meio de audiências públicas e de uma consulta pública na internet. Resultado: só cinco ou seis pessoas, representantes de universidades públicas, tiveram a chance de participar da última audiência pública em Brasília (com aproximadamente 30 pessoas) e de se manifestarem diante da voz de profissionais, sindicalistas e de faculdades particulares, que estavam ali em defesa da saída do curso de Jornalismo da área de Comunicação Social e, conseqüentemente, da exclusão da pesquisa.
          Apesar de um ensino prático profissionalizante, com viés mercadológico, parecer, a princípio, tudo o que eu queria do curso de Jornalismo da UFU, esta não me parece mais a melhor opção. Com eu disse anteriormente, nem todo mundo que cursa Jornalismo vai ser jornalista. Eu gosto de saber que eu não preciso ser uma repórter, uma professora ou uma pesquisadora (só porque o curso incentiva a área acadêmica), que eu posso buscar mais conhecimentos, aprofundar em outra área da Comunicação, que eu posso querer trabalhar com um pouco de Publicidade, Relações públicas ou Editoração, mesmo sem uma preparação mais específica. Além disso, eu aprendi a gostar de pesquisa e acredito que ela não seja só para obter mais conhecimento e nos dar mais fundamentação teórica. Os métodos nos ajudam a desenvolver a nossa capacidade de resolver nossos problemas, sejam eles quais forem.
          Mas e com as novas diretrizes? As mudanças curriculares prevêem que os cursos formem jornalistas acríticos, sem metodologia de pesquisa ou disciplinas comuns a outras habilitações da Comunicação, um curso restrito às técnicas jornalísticas, sem necessidade de pesquisa científica e que atenda ao mercado de trabalho. O TCC, provavelmente, poderá ser em grupo, afinal, ele passa a ser apenas um trabalho prático com relatório.
          E aí, como fica? Tratando-se de um currículo mínimo e de uma universidade com certa autonomia, o nosso curso poderá ir além. Mas lidar com a burocracia de uma instituição pública implica em obstáculos e sem um bom planejamento as conquistas tornam-se mais distantes. A ENECOS participou da audiência pública mesmo sem ser convidada. A Pedagogia, sendo um curso tradicional, não muda suas diretrizes há anos! Podemos deixar de ser apenas cobaias e aproveitarmos o fato de sermos um curso novo para nos transformar no profissional que queremos ser.

Um comentário:

  1. Oi Mayra!

    Fiz um comentário no post do Luiz e citei o seu texto. Acho que esta lógica de mercado se aplica não só aos jornalistas, mas à sociedade de modo geral.

    http://blogologoopino.blogspot.com/2010/11/desvalorizacao-do-professor.html?showComment=1290263141470#c7745337727996491806

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