domingo, 14 de novembro de 2010

Livro rico, livro pobre

   É com honra que eu crio a primeira postagem do Blogo. Logo, opino. É o meu post é sobre os best sellers, aqueles livros mais vendidos, que muitas vezes são defendidos por uns e ferrenhamente criticados por outros.
   Há pouco tempo, uma amiga foi criticada pelo tipo de livro que gosta de ler. “Nossa, você lê ‘best sellers’”. Por mais que ela não tenha vergonha de admitir essa preferência, ficou sem graça com esse comentário.,Mas, aqui caro leitor, qual é mesmo o problema de alguém ler um “mais vendido”? Antes de tudo, esse tipo de livro não endossa as listas de mais vendidos pelo teor da sua história ou pelas críticas que o enredo faz. Ele simplesmente teve um grande volume de vendas e adquiriu popularidade, o que, na verdade, é um ciclo vicioso: um livro é best seller por ser famoso e famoso por ser best seller. Assim, levamos em conta a primeira regra da literatura: não julgar um livro pela capa. Dizer que um livro é “mais vendido” é dizer que ele é banal, raso, “literatura de massa” e não agrega conteúdo algum ao universo simbólico do leitor? Podemos questionar tudo isso, mas não podemos duvidar que esse é o tipo de livro epidêmico: se é best seller, dentro de pouco tempo, todos estarão comentando sobre ele e novos livros com a mesma temática surgirão, além de logo, logo, um filme adaptado por um grande roteirista de Hollywood estar em cartaz.
   Querendo ou não, um best seller ainda é literatura e literatura e quase sempre faz bem. Por isso, eu tenho certeza que você já ouviu sobre os benefícios da leitura. Sua mãe, seu chefe ou seu professor de literatura com certeza já mencionaram que ler estimula a criatividade, amplia o vocabulário e que traz conhecimentos. Além disso, existem muitos blogs na blogosfera que podem dar mais mil e uma razões para você começar a ler hoje.. Mas será que só os clássicos, como Shakespeare, Dostoiévski, Kafka ou Machado de Assis, que nunca nem passaram perto de uma lista de mais vendidos, agregam conhecimento e fazem sua imaginação deslanchar?
Além disso, não podemos nos esquecer do fato de que vivemos em um país que a leitura não é um hábito, que logo faz as nossas pálpebras fecharem involuntariamente. E a falta desse costume geralmente é adquirida na infância. Imagine você, com onze anos, tendo de ler a versão original de Os Lusíadas, com frases como “Às vezes leis magnânimas quebranta. Outro está aqui que, contra a pátria irosa?”, enquanto livros mais fáceis e destinados ao público infanto-juvenil abarrotam as estantes das bibliotecas públicas. Certamente você iria largar Camões de lado e procurar alguma coisa de fácil entendimento na TV. O gosto pela leitura só vem quando o livro prende a atenção do jovem leitor e o instiga sempre a buscar mais, mesmo que o nível de dificuldade cresça. E muitos blogs surgem justamente para que esse interesse pela leitura se desenvolva. Hoje em dia existem blogs que tratam de tudo, desde receitas até conspirações governamentais, a maioria em uma linguagem simples e que dialoga com o leitor, o fazendo entrar no mundo do que está sendo discutido.
   O importante é ler, não importando o que. Leia desde a etiqueta do seu colchão até o rótulo do shampoo enquanto toma banho. Por isso, por mais que Dan Brown, Harry Potter ou Crepúsculo estejam sempre em listas de mais vendidos e sejam tão denegridos por alguns, literatura será sempre literatura, despertando paixões, criando fantasias e mudando o mundo. Porque, como um dia disse Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros".

                              Por Arthur Franco

5 comentários:

  1. Se a primeira regra da literatura é não julgar um livro pela capa, penso que a segnda seja respeitar o gosto alheio. Não é porque alguém diz que um livro é maravilhoso que todos devam concordar. Cada pessoa se interessa por um determinado assunto, por uma determinada banda e assim sucessivamente até chegarmos na literatura. Se Stephenie Meyer, J.K. Rowling e Dan Brown agradam alguns, temos que respeitar. Para cada banda tem-se um ouvite, para cada atleta um esporte e para cada livro um leitor.

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  2. "Para gostar de ler" é uma coletânia da Editora Ática que traz os contos mais famosos de autores como Allan Poe, Fernando Sabino, entre outros. Acredito que o nome e a proposta desse livro vai ao encontro da postagem. Talvez, começar pelos famosos seja a melhor forma de "criar o gosto" por alguma coisa. Afinal, quem nunca virou fã de uma banda ou um estilo musical a partir da música "hit"?

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  3. Bom Arthur, hoje ninguém arrisca dizer que Guimarães Rosa é best seller. Porém ele foi. Apesar de muitos brasileiros comprarem ou ganhar o livro Grandes Sertão: Veredas, deixavam-no nas estantes, com bastante poeira. Há vários casos na literatura que, em sua época, o livro vendeu horrores. Mas o tempo mostrou que a grande venda não significou pobreza literária. Talvez ocorra isso com Dan Brown e Rowling daqui uns anos. Seria muita prepotência nossa achar que essas obras caírão no esquecimento, comparadas tão qual a um livro de receitas da vovó.

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  4. A verdade é que criou se um ideia de que julga se intelectual aquele que não le best sellers, caso contrário vc também faz parte do tão falado público alienado. E é assim, alguns dizem e outros simplesmente repetem, sem nenhum embasamento, para dizerem que são "diferentes" da maioria. Conhecimento é conhecimento não importa onde você o adquiriu e querendo ou não nada melhor para aprender do que praticando a leitura, em qualquer uma sempre existe a possibilidade de aprendermos algo novo.

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  5. É lugar comum dizer que as sociedades são, de modo geral, preconceituosas. Mas, a partir de uma observação mais detalhada, é possível verificar que esta teoria se confirma, ao menos em parte. Em pleno século XXI, na tão famosa “era da modernidade”, não é raro encontrarmos estereótipos: definições parciais e inconsistentes sobre diversos assuntos. Estabelecem, aleatoriamente, critérios do que é bom e do que é ruim; do que é feio e do que é bonito; do que é aceitável e do que é inadmissível. E, se você não se encaixa nestes padrões, é considerado sumariamente como parte da massa alienada, incapaz de pensamento crítico ou opinião própria.
    Os indivíduos são diferentes. Têm interesses diferentes. Formas diferentes de agir e de pensar. E, se todas essas distinções são reconhecidas, por que não aceitar também que cada um tem um gosto?! Nem todos gostam do mesmo estilo de roupa, de filmes, de músicas; por que não seria assim com livros?! Dizer que uma música, um filme ou um livro são bons ou ruins é uma forma legítima de expressar opiniões. E nada há de errado nisso. Mas, afirmar que os que gostam desse ou daquele livro, são intelectualmente alienados é, além de prepotência, uma atitude preconceituosa, que carrega um profundo desrespeito pelo outro.
    Assim como os clássicos Sheakespeare, Dostoiévski e Machado de Assis agradam a determinado público, os “Best Sellers” J. K. Rowling, Stephenie Meyer e Dan Brown agradam a outro. Certamente, são públicos distintos, com valores e opiniões que provavelmente sejam bastante díspares mas, nem por isso, mais ou menos inteligentes.
    Literatura boa é aquele que envolve, prende o leitor, da liberdade para a imaginação, incentiva a criatividade, dá prazer e diverte quem lê. Independente de os livros serem clássicos ou “Best Sellers”. Os gostos são diferentes e, como diz o ditado popular: “Gosto não se discute.”

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