A lua de mel acabou: Cruzeiro levanta voo de Uberlândia

Depois de uma atuação lamentável contra o São Paulo, o Cruzeiro Esporte Clube resolveu levantar voo (literalmente) da cidade de Uberlândia. A lua de mel com o estádio do Parque do Sabiá terminou após duas derrotas sofridas, pela raposa, em terras mineiras, a outra foi contra o Atlético Mineiro.

Cuca, técnico do time celeste, que tem fama de chorão após as derrotas sofridas, por sempre reclamar da arbitragem, dessa vez, direcionou suas lamentações, não somente para o homem do apito, mas também para a torcida.

Logo após o término da partida, o comandante da raposa reclamou em alto e bom tom que era decepcionante o time adversário possuir mais torcedores que o clube mandante. “Hoje fiquei decepcionado com 70% do estádio sendo torcida do São Paulo. Eu quero ser campeão e vou pedir para mudar.” disparou Cuca.

Concordo plenamente com o professor cruzeirense, porém acho o comentário do técnico uma desculpa para explicar a derrota e a má fase na qual se encontra o time mineiro. Por que digo isso? Vamos analisar os outros jogos realizados no grandioso João Havelange.

As partidas realizadas contra Corinthians e Flamengo tinham mais torcedores do time adversário. Entretanto, como o Cruzeiro saiu vitorioso pelo placar de 1 a 0, em ambos os jogos, a torcida adversária, em número maior, sequer foi questionada, pois como diz o ditado “Em time que está ganhado, não se mexe”, no nosso caso o ditado passaria a ser “Em estádio onde se ganha, não se troca”.

Outras partidas realizadas no estádio mineiro foram contra o Internacional e o Fluminense, este último valeu a liderança para a raposa. Novamente com a vitória de 1 a 0 nas duas partidas e com estádio pintado de azul e branco.

Bom, até agora falei de jogos que o Cruzeiro conquistou os três pontos e estava em um mar de rosas com a cidade de Uberlândia. Mas, esse conto de fadas começou a desmoronar-se com a partida realizada contra o maior rival cruzeirense: o Atlético Mineiro.

A partida era de apenas uma torcida, devido a um acordo realizado pelas diretorias no primeiro turno, para evitar brigas entre as torcidas organizadas Máfia Azul e Galo Loucura. Era a vez, de apenas os cruzeirenses assistirem o grande clássico mineiro. E a torcida uberlandense cobriu o Parque do Sabiá de azul e branco e debaixo de chuva cantava “Zeeeeeeeeeeeeiro” com o peito cheio de orgulho.

Havia mais de 20.000 mil torcedores (claro que tinha alguns atleticanos à paisana). Mas, pareceu que o time celeste não estava em sintonia com a torcida. Logo nos primeiros 30 minutos com três gols do atacante Obina, que é melhor que Samuel Etoo, a torcida sofreu o golpe de ver o maior rival aplicando um chocolate e a liderança escorrendo pelos dedos. A raposa, até que esboçou uma reação, mas não atendeu ao pedido da torcida “Vamo virá, vamo virá!” e a partida encerrou-se em 4 a 3.

A partir daí, a relação de amor com Uberlândia ficou estremecida e o jogo contra o São Paulo foi a gota d’água para o caldeirão explodir. Após a derrota, o técnico soltou o verbo contra a presença de uma torcida adversária maior. Mas, pergunto a Cuca, por que quando o time ganhou mesmo com a torcida visitante maior, esse fato não foi questionado? E como explicar uma derrota para o maior rival com apenas cruzeirenses presentes? Creio que a presença de uma torcida adversária maior, não seja problema, pois se fosse assim, nenhum time visitante sairia com a vitória. E prova disso, por ironia do destino, é o próprio Cruzeiro que tem o melhor índice de aproveitamento como visitante.

Sendo assim, deixo, aqui, minha insatisfação com a decisão da diretoria cruzeirense em trocar o mando de campo dos jogos contra Vasco e Palmeiras do Parque do Sabiá para a Arena do Jacaré, Sete Lagoas. Ficou a impressão que o nosso belo estádio só serviu enquanto o time ganhava, pois bastou o time perder duas partidas para a diretoria levantar voo da cidade do triângulo. Com isso, fica difícil cultivar uma torcida fiel, pois quantos cruzeirenses não se frustraram com essa decisão? Creio que muitos.

Por Cíntia Sousa