terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dois ensaios para a vida


Há um ditado em que errar uma vez é humano, persistir no erro é... é... ah, não sei. Só sei que, pela segunda vez, o ENEM deu errado e prejudicou milhares de estudantes que tentavam ingressar em alguma universidade do país.

Para quem não se lembra, em 2009, a prova do Exame Nacional do Ensino Médio “vazou” e teve de ser cancelada na quinta feira anterior ao fim de semana de sua aplicação, no início de outubro.

Quando Joaquim José Soares Neto, então presidente do INEP declarou, ainda em 2009, que o ENEM 2010 seria marcado pela segurança e que seria este o motivo da escolha da gráfica que faria a impressão, e não qualquer outro, ele desconsiderou a possibilidade de a gráfica ser segura, mas não prezar pelo rigor no processo de impressão. Em 2010, a empresa escolhida foi a mesma contratada para a impressão da segunda versão das provas do ano passado, e o Exame não ficou longe dos problemas. Os cabeçalhos das folhas de resposta foram trocados e a credibilidade do ENEM, que já era duvidosa, agora é motivo de risos e protestos de estudantes que se empenharam e tiveram nada menos que 10 horas de prova perdidas.

Além das falhas, essa grande demora para soltar o gabarito oficial deve ser por medo de sair com erros, repetindo a história de 2009. É por isso que, em diversos lugares, quem prestou o Exame sai às ruas de roupa preta e nariz de palhaço. Vai que assim são notados e alguém perceba que está faltando respeito com aqueles que se empenham, estudam, mas não podem alcançar seus objetivos por erro dos outros!

Muitas universidades estão repensando a utilização do Enem em substituição do processo seletivo tradicional, para que, juntamente com o ENEM, a credibilidade das instituições de ensino superior não seja comprometida. A UFU também pondera, já que, desde 2009, adotou a nota da prova como primeira fase do vestibular, mas não sabe quais serão os desdobramentos dessa segunda falha. Em entrevista à TV Universitária, o diretor de Processo Seletivo Gilmar da Cunha Sousa comentou sobre a posição da Universidade Federal de Uberlândia nessa situação. Confira o vídeo, disponível em: www.dirco.ufu.br/content/diretor-de-processos-seletivos-fala-sobre-o-enem.

Quem sabe um dia o INEP consiga corrigir uma falha sem abrir espaço para outras, já que, com essas duas experiências, ficou claro que o governo não consegue suportar a aplicação de uma prova desse porte e dessa importância. Só que, pelo jeito, parece que tal dia está longe de chegar. Mesmo assim, o presidente Lula insiste em dizer que o Exame “foi um sucesso”, ignorando os 21 mil candidatos que receberam folhas de respostas que não puderam ser respondidas corretamente. Já ficou provado que não bastou apenas “UM ensaio para a vida”, como ambiciona o slogan do Enem.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Existem várias formas de completar o ditado:

    "Errar uma vez é humano, persistir no erro é americano e acertar o alvo é muçulmano"

    "Errar é humano, culpar os outros nem se fala."

    hehe


    Esses erros realmente são um absurdo, minha irmã que o fale. Nós tivemos a sorte de entrar na faculdade antes disso tudo. Na nossa época ENEM era muito mais opcional que hoje.

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  3. O Governo enfiou "goela abaixo" das Universidades Federais a obrigatoriedade de se utilizar o ENEM como O ou Um dos critérios de seleção de forma repentina, já em maio do ano passado, mas a prepotência dos chefes não deu conta de como é absurda a realização de uma prova em mais de 5000 cidades, ao mesmo tempo, com uma logística que envolve Força Nacional de Segurança, Polícia Federal, Polícia Civil, Correios etc. As chances de não haver nenhum problema como ocorreu neste último é praticamente zero. Estamos em um país continental. Se até na UFU, com vestibular em poucas cidades sempre há no ar a impressão de que nada foi como deveria ter sido, imagine num exame nacional...

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